segunda-feira, 23 de maio de 2011

Exegese de Mateus 9.9-13 - Parte 4

8) Estrutura da perícope
            Convite ao publicano Mateus e sua resposta. V9
            Lugar onde se encontravam para tomarem o alimento. V10
            Pergunta realizada pelos fariseus aos discípulos inquirindo a Jesus. V11
            Motivos pelos quais Jesus estava participando deste momento. V12, 13
9) Tema da perícope
O assunto mais importante deste texto é o convite de Jesus aos que estão doentes para serem curados por ele através do arrependimento.

Exegese de Mateus 9.9-13 - parte 3

6) Análise semântica teológica
            Mateus – filho de Alfeu, publicano, um dos 12 discípulos
            Publicanos – Judeu que cobrava impostos para o governo romano. Era desprezado por trabalhar para um dominador estrangeiro e por ser geralmente desonesto (Lc 3.12-13).
            Pecadores – pessoas pobres que não podiam cumprir todos os ritos               judaicos e por isso eram excluídos.
            Discípulos – Grupo de 12 que Jesus escolheria.
            Fariseus – Membros de um dos principais grupos religiosos dos judeus. Os fariseus seguiam rigorosamente a Lei de Moisés e as tradições e os costumes dos antepassados (Mt 23.25-28). Acreditavam na ressurreição e na existência de seres celestiais (At 23.8). Os fariseus não se davam com os SADUCEUS, mas se uniram com eles para combater Jesus e os seus seguidores (Mt 16.1).
            Arrependimento - Decisão de mudança total de atitude e de vida, em que a pessoa, por ação divina, é levada a reconhecer o seu pecado e a sentir tristeza por ele, decidindo-se a abandoná-lo, baseando sua confiança em Deus, que perdoa (Mt 3.2-8; 2Co 7.9-10; 2Pe 3.9). O complemento do arrependimento é a FÉ (2). E os dois juntos constituem a Conversão: Mudança de vida operada por Deus (At 15.3). Essa mudança tem dois aspectos. O primeiro, relacionado com o pecado, chama-se arrependimento. O segundo, relacionado com Cristo, é a FÉ (2). Remorso: Atormentador senso de culpa por mal ou crime praticado (RA Mt 27.3). É diferente do arrependimento, que é tristeza pelo pecado cometido acompanhada da decisão de abandoná-lo.
7) Contexto Histórico-social
         Os romanos usavam da coletoria para cobrarem impostos em estradas, pontes e canais e também em lagos cobrando pela pesca. Os publicanos, que eram os que faziam esta cobrança aliados ao romanos, pois, os publicanos cobravam a taxa romana mais a parte deles, fazendo com que por diversas vezes fossem cobrados muito além do que os romanos cobravam, dificultava o relacionamento com os restantes dos judeus, incluindo os fariseus, que iam contra a dominação romana. Normalmente um publicano cobrava 5% do preço da compra de artigos normais de comércio, e até 12,5% sobre artigos de luxo. Mateus cobrava impostos também dos pescadores que trabalhavam no mar da Galiléia e dos barqueiros que traziam suas mercadorias das cidades situadas no outro lado do lago. O judeus consideravam impuro o dinheiro dos cobradores de impostos, por isso nunca pediam troco. Se um judeu não tinha a quantia exata que o coletor exigia, ele emprestava-o a um amigo. Os judeus desprezavam os publicanos como agentes do odiado império romano e do rei títere judeu. Não era permitido aos publicanos prestar depoimento no tribunal, e não podiam pagar o dízimo de seu dinheiro ao templo. Um bom judeu não se associaria com publicanos (Mt 9.10-13). Mas os judeus dividiam os cobradores de impostos em duas classes. a primeira era a dos gabbai,  que lançavam impostos gerais sobre a agricultura e arrecadavam do povo impostos de recenseamento. O  Segundo grupo compunha-se dos mokhsa era judeus, daí serem eles desprezados como traidores do seu próprio povo. Mateus pertencia a esta classe.

         Como descrito acima era um grupo que primava pelos ensinos do A.T. (denominação de nosso tempo) e pelos ritos dos anciões. Por esse fato se opõem a Jesus que se relacionavam com todos sem descriminar a ninguém, exemplificando muito bem este fato temos o texto da exegese.
         Jesus vai a Gadara e volta para Cafarnaum. Esta cidade está localizada a beira do mar da Galiléia e está bem localizada. Cafarnaum, (em grego Kαφαρναουμ, transl. Kapharnaoum; em hebraico: כפר נחום, transl. Kephar Nachûm, "aldeia" ou "vila de Naum"), é uma cidade bíblica que ficava na margem norte do Mar da Galiléia, próxima de Betsaida (terra natal de Simão Pedro) e Corozaim.
Muito perto passava a importante Via Maris (Estrada do Mar), que ligava o Egipto à Síria e ao Líbano e que passava por Cesareia Marítima. O facto de possuir uma alfândega (Mateus 9:9) e uma guarnição romana sugere que se tratava de uma cidade fronteiriça entre os estados de Filipe e Herodes Antipas.
O Evangelho de Mateus diz-nos que Jesus se aproximou deste improvável discípulo quando ele esta sentado em sua coletoria. Jesus simplesmente ordenou a Mateus: "Segue-me!" Ele deixou o trabalho pra seguir o Mestre (Mt 9.9).
Evidentemente, Mateus era um homem rico, porque ele deu um banquete em sua própria casa. "E numerosos publicanos e outros estavam com eles à mesa" (Lc 5.29). O simples fato de Mateus possuir casa própria indica que era mias rido do que o publicano típico.
Por causa da natureza de seu trabalho, temos certeza que Mateus sabia ler e escrever. Os documentos de papiro, relacionados com impostos, datados de cerca de 100 dC, indicam que os publicanos eram muito eficientes em matéria de cálculos.
Mateus pode ter tido algum grau de parentesco com o discípulo Tiago, visto que se diz de cada um deles ser "filho de Alfeu" (Mt 10.3; Mc 2.14). Às vezes Lucas usa o nome Levi para referir-se a Mateus (Lc 5.27-29). Daí alguns estudiosos crerem que o nome de Mateus era Levi antes de se decidir-se a seguir a Jesus, e que Jesus lhe deu um novo nome, que significa "dádiva de Deus". Outros sugerem que Mateus era membro da tribo sacerdotal de Levi.
De todos os evangelhos, o de Mateus tem sido, provavelmente, o de maior influência. A literatura cristã do segundo século faz mais citações do Evangelho de Mateus do qu de qualquer outro. Os pais da igreja colocaram o Evangelho de Mateus no começo do cânon do NT provavelmente por causa do significado que lhes atribuíam. O relato de Mateus desta a Jesus como o cumprimento das profecias do AT. Acentua que Jesus era o Messias prometido.
Um das possibilidades de interpretação deste texto e de que Jesus vendo Mateus demonstra que sempre Jesus é que nos escolhe primeiro e não nós a Ele, não foi Mateus que buscou a Jesus e sim Jesus que buscou a Mateus; Mateus em toda a passagem não parece demonstrar falar apenas agir ao chamado de Cristo, Jesus falou antes de Mateus lhe falar algo.
Quando se aceita ao chamado de Jesus percebe-se uma mudança dos parâmetros que regem a vida de quem o aceita. Nos textos percebemos a mudança de Pedro ao reconhecer que era pecador, a ponto de entender que não poderia ficar na presença de Jesus; observamos também a posição de Zaquel, outro publicano que, ao aceitar ao convite de salvação de Jesus, tem sua vida mudada; mais observamos também a vida do jovem rico que não aceita ao convite de salvação, preferindo suas riquezas a salvação de Jesus.
Estando ele em casa à mesa. Esta festa na casa de Mateus (Lc. 5:29) talvez fosse realizada algum tempo depois de sua chamada. Ele convidou publicanos e pecadores, seus antigos companheiros que viviam em oposição à vontade de Deus conforme revelada no V.T. Sem dúvida os convidou para que Jesus pudesse ganhá-los para Si.
Para os fariseus que faziam a mais rígida distinção e se tinham na conta de justos, Jesus respondeu que o seu ministério era necessário aos pecadores, como os serviços do médico são necessários aos doentes. Jesus usou a estimativa dos próprios fariseus a respeito de si mesmos para responder à objeção deles.
Misericórdia quero, e não sacrifício (Os. 6:6). Uma atitude misericordiosa para com os espiritualmente necessitados é muito melhor do que a mera formalidade nas obrigações religiosas (sacrifício) sem nenhuma preocupação com os outros. Não é suficiente conhecer a letra da lei e sim o seu espírito, aprender a aplicar as escrituras e corrigir seus próprios erros. A justiça própria é negada por Jesus, mais o desejo pela misericórdia de Cristo o motiva a nos perdoar. A idéia de chamar os pecadores tem como significado atrair os pecadores em amor.
Significado de misericórdia é a Graça ou favor recebidos sem merecimento. Literalmente significa coração sofredor. Muitos de nós desconhecemos o sentido real dessa palavra, pois quando pedimos misericórdia a Deus estamos pedindo para que Ele sofra conosco.
Ela representa tudo que Deus fez por nós, tudo em nossa vida. Sem ela nunca poderíamos ter acesso a salvação que Jesus nos ofereceu.

sábado, 21 de maio de 2011

Exegese de Mateus 9.9-13 - Parte 2

2) Comparação de versões         
     9  Jai diabaimym o Igsour ejeihem eidem amhqypom jahglemom eir to tekymiom, Lathaiom kecolemom, jai kecei pqor automû Ajokouhei loi. Jai sgjyheir gjokouhgsem autom.  10  Jai emy ejahgto eir tgm tqapefam em tg oijia, idou, pokkoi tekymai jai alaqtykoi ekhomter sumejahgmto leta tou Igsou jai tym lahgtym autou.  11  Jai idomter oi Vaqisaioi eipom pqor tour lahgtar autouû Dia ti o Didasjakor sar tqycei leta tym tekymym jai alaqtykym;  12  O de Igsour ajousar eipe pqor autourû Dem ewousi wqeiam iatqou oi uciaimomter, akk' oi paswomter.       13  Upacete de jai lahete ti eimai, Ekeom heky jai ouwi husiam. Dioti dem gkhom dia ma jakesy dijaiour akka alaqtykour eir letamoiam. (MGREEKU)

   
 9 Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu. 10  E sucedeu que, estando ele em casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus e seus discípulos. 11  Ora, vendo isto, os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? 12  Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. 13  Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento. (RA)

     9  E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na alfândega um homem chamado Mateus e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.   10  E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. 11  E os fariseus, vendo isso, disseram aos seus discípulos:  Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? 12  Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim, os doentes. 13  Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento. (RC)

     9 Jesus saiu dali e, no caminho, viu um cobrador de impostos, chamado Mateus, sentado no lugar onde os impostos eram pagos. Jesus lhe disse:  —Venha comigo. Mateus se levantou e foi com ele. 10 Mais tarde, enquanto Jesus estava jantando na casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama chegaram e sentaram-se à mesa com Jesus e os seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: —Por que é que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e com outras pessoas de má fama? 12  Jesus ouviu a pergunta e respondeu: —Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. 13 Vão e procurem entender o que quer dizer este trecho das Escrituras Sagradas: “Eu quero que as pessoas sejam bondosas e não que me ofereçam sacrifícios de animais.” Porque eu vim para chamar os pecadores e não os bons. (NTLH)

     9 Jesus saiu dali e, no caminho, viu um cobrador de impostos, chamado Mateus, sentado no lugar onde os impostos eram pagos. Jesus lhe disse: —Venha comigo. Mateus se levantou e foi com ele. 10 Mais tarde, enquanto Jesus estava jantando na casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama chegaram e sentaram-se à mesa com Jesus e os seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: —Por que é que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e com outras pessoas de má fama? 12 Jesus ouviu a pergunta e respondeu: —Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. 13 Vão e procurem entender o que quer dizer este trecho das Escrituras Sagradas: “Eu quero que as pessoas sejam bondosas e não que me ofereçam sacrifícios de animais.” Porque eu vim para chamar os pecadores e não os bons. (NVI)

3) Versão Própria
         Jesus chama Mateus para segui-Lo e da testemunho de sua missão junto as pessoas.
4) Contexto imediato ou remoto
         O contexto imediato se refere a cura de pessoas que precisavam ser alcançados pelo poder de Jesus. Os textos imediatamente acima, começando no capítulo oito até o final do capitulo nove Jesus realiza curas de vários tipos de pessoas. 
         Como o intuito de Mateus e mostrar em partes bem definidas a peregrinação do mestre, este trecho demonstra o ministério de Jesus no momento em que demonstra o seu poder.
5) Forma literária
            Ensino, advertência e testemunho.

Exegese de Mateus 9.9-13 - Parte 1

1) Esboço
         Livro de Mateus
         Escritor: Em comum com os outros três Evangelhos, este livro é anônimo. Entretanto, o nome do apóstolo Mateus (Mt 9.9 e Mt 10.3) se associa com ele desde o século II. Existem na História Eclesiástica, de Eusébio, escrita cedo, no século IV, citações de Papias, bispo no século II, de Irineu, bispo de Leão, no século II e de Orígenes, grande teólogo do século III. Todos estes concordam em afirmar que este Evangelho foi escrito por Mateus, para cristãos hebreus.
         Data: 60-70 d.C                            
         Local: provavelmente na região de Jerusalém até a Siria.
         Propósito:
É patente que o propósito do evangelista é apresentar em ordem a história do nascimento, ministério, paixão e ressurreição de Jesus Cristo. Ele agrupa seus fatos a redor de cinco grandes discursos de Nosso Senhor: o Sermão da Montanha (Mt 5.1-7.27); a comissão aos apóstolos (Mt 10.5-42); as parábolas (Mt 13.1-53); o discurso sobre a humildade e o perdão (Mt 18.1-35); e o discurso apocalíptico (Mt 24.1-25.46)
            O evangelista exibe um estilo literário que lhe é peculiar, cuja característica mais notável é a falta de pormenores na descrição dos feitos. As narrativas são geralmente sumárias e os detalhes se entrosam. Vê-se claramente esta tendência comparando as histórias da cura do criado do centurião (Mt 8.5-13); e da ressurreição da filha de Jairo (Mt 9.18-26), com os trechos paralelos em Lucas. A formação e a apresentação de Mateus são fundamentalmente simétricas.
Prólogo: Genealogia e narrativa da infância 1.1-2.23
genealogia de Jesus 1.1-17
O nascimento 1.18-25
A adoração dos magos 2.1-12
Fuga para o Egito e matança nos inocentes, a volta para Israel 2.13-13


I. Parte um: Proclamação do Reino dos Céus 3.1-7.29
Narrativa: Início do Ministério de Jesus 3.1-7.29
Discurso: O Sermão da Montanha 5.1-7.29
II. Parte Dois: O ministério de Jesus na Galiléia 8.1-11.1
Narrativa: Histórias dos dez milagres 8.1-11.1
Discurso: Missão e martírio 9.35-11.1
III. Parte Três: Histórias e parábolas em meio a controvérsias 11.2-13.52
Narrativa: Controvérsia que se intensificam 11.2-12.50
Discurso: Parábolas do Reino 13.1-52
IV. Parte Quatro: Narrativa, controvérsia e discurso 13.53-17.27
Narrativa: Vários episódios precedentes à jornada final de Jesus em Jerusalém 13.53-17.27
Discurso: Ensino sobre a igreja 18.1-35
V. Parte Cinco: Jesus na Judéia e em Jerusalém 19.1-25.46
Narrativa: A jornada final de Jesus e a instauração do conflito 19.1-23.39
Discurso: Os ensinos escatológicos de Jesus 24.1-25.46
A narrativa da Paixão 26.1-27.66
A narrativa da ressurreição 28.1-20