sábado, 7 de janeiro de 2023

 Quais são a frases que orientam suas vidas? 

Jesus em seus ensinos sempre deixou claro que princípios são norteadores de nossas vidas, portanto, seja qual for a decisão a ser tomada, tenha sempre a noção clara de que sua decisão deve ser regida por aquilo que fundamenta, orienta, define.

Decisão é a atitude de agir diante daquilo que temos que fazer. Oriente-se antes de fazer qualquer coisa.


Pr. Bruno Brum

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

 Não adianta novos propósitos se mantermos os velhos hábitos.

Essa verdade não tem relação com um ensino de coaching ou ensino apenas psicológico de reprogramação da mente, tem sim relação com  o seu, o meu procedimento ante a vida e nossas escolhas pra ela.

Suas metas do ano passado foram realizadas em qual porcentagem? Você se orgulha do que realizou? Bom, se não precisamos repensar nossa maneira de realizar a vida.

Mude seu modelo de vida, busque lidera-se e realizar os projetos.


Pr. Bruno Brum

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Aliviando a carga.
Mateus 11.25-30
            Jesus vem de um período onde começa a chamar seus discípulos para si no início do cap. 10, levando-os a aprender algumas coisas que eram necessárias as suas vidas que agora estavam tomando um novo rumo.
            O mestre faz muitas recomendações, diz exatamente como cada um tem que proceder naquilo que foram chamados a realizar naquele momento quando foram enviados a visitar as cidades que estavam acostumados a conhecer e viver. Depois disso o próprio Jesus começa a ensinar nas cidades de seus discípulos, Mt. 11.1, ensinando as pessoas aquilo que Deus tinha confiado a ele como missão. Muitos dias se sucederam com Jesus realizando estas coisas, teve encontro com os discípulos de João Batista, falou-lhes assegurando sua messianiedade, fez grande elogio a João, chamou atenção das cidades que não se arrependiam de suas maldades.
            Jesus então, em um dia que ensinava nas cidades, exclamou o texto que lemos nos ensinando verdades fundamentais para nossa jornada de vida, mas o que nos cansa? O que nos sobrecarrega? Como nos livrar disso?
1.      Venha o que está cansado.
·         Cansado do que? A palavra escolhida por Jesus é “κοπος – kopos: intenso trabalho unido a aborrecimento e fadiga” ou seja, Jesus está nos falando do cansaço da vida existencial! A sua vida!
·         O que na sua vida tem te causado cansaço, aborrecimento, fadiga, desanimo? Quero usar o próprio texto deste capítulo para lhe falar de possíveis momentos que estejam te causando todos essas coisas na vida.
·         O vs. 27 nos dá indicações de situações que estejam nos causando cansaço, nossa família, relacionamentos e missão que temos pra realizar. Temos vivido em momentos de grandes turbilhões emocionais, gangorras relacionais, rodas-gigantes de êxtase e desprazer em nossos encontros e desencontros, de um emprego que não nos realiza.
·         Nossas vidas tem sido dedicadas de forma intensa ao trabalho para sustento e com isso falhamos no cuidado de nossos relacionamentos. Cada dia mais é necessário trabalhar mais para se conquistar as coisas que pensamos ser necessárias e estamos desprezando aquilo que é essencial em nossas vidas, as pessoas que amamos.
·         Estamos fadigados de produzirmos tanto e não conseguirmos reconhecimentos que parecem ser tão merecidos por nós! O patrão tem nos cobrado como nunca antes; As esposas parecem nunca estarem satisfeitas; esposos cada vez mais cobrados e omissos; filhos que perderam o prazer na obediência por não terem em quem se espelhar, estamos vivendo a beira do caos, se já não dentro dele! Isto nos aborrece! (Ilustrações das coisas de família)
·         Aborrecidos, passamos a ter menos paciência com as coisas, amamos menos, nos contentamos com a violência com muita naturalidade, estamos aflorando nosso lado animal com muita presteza, sempre temos que ganhar a discussão, não levamos desaforo pra casa, não guardamos almoço pra o jantar! E vamos levando as nossas vidas, cansadas, fadigadas e aborrecidas, destruindo nossos relacionamento com os filhos, casamento, amizades se vão!
·         Não sendo o suficiente estarmos cansados, ainda estamos sobrecarregados! Mas Jesus diz

2.      Venha o que está sobrecarregado.
·         Sobrecarregado de que? A palavra escolhida por Jesus é φορτιζω – phortizo v 1) colocar uma carga sobre, carregar 2) metáf. oprimir alguém com uma carga (de ritos e preceitos sem sentido), ou seja Jesus está falando de nossa vida espiritual.
·         Jesus está apontando novamente para aquilo que está escrito no versículo 27, para aquilo que seu povo entendia como vida devota a Deus, que na realidade não passava de meros momentos devocionais sem qualquer sentido verdadeiro de um coração entregue ao Deus verdadeiro. Fariseus, saduceus e escribas colocavam grande peso na vida das pessoas, exigiam ritos cada vez mais constantes e caros, trazendo um peso religioso e humilhando os que não conseguiam fazê-lo.
·         Não conheciam ao Pai, por isso não reconheceram o Filho e muito menos a missão que o Filho quis revelar!
·         Nossa vida devocional está cada vez mais enfraquecida; orar para nós é simplesmente agradecer a Deus pelo que conquistamos em nossas camas confortáveis que produzem um sono muito rápido devido o cansaço do dia a dia. Bíblia, deixe-a aberta em salmos 91 que vai dar tudo certo e o pastor domingo traz uma palavra de conforto e nos motiva, fortalece para a semana!
·         Estamos sobrecarregados de uma religião falsa, porém convincente e conveniente à nós mesmos! E ainda queremos cobrar uns aos outros de coisas que nós mesmos não fazemos, ou se fazemos, realizamos como uma obrigação religiosa, algo que não pode ser mexido por ser santo!
·         Perdemos o verdadeiro senso de missão, estamos mais preocupados em agradar homens com suas doutrinas vãs do que a Deus com coração quebrantado e contrito! Igrejas sem alma! Pessoas sem alma, produzindo pessoas sem alma! Ritos religiosos semanais que são vazios de sentido e não transformam a vida de ninguém. Mas ainda há esperança!

3.      Aliviando a carga e encontrando o descanso. 
·        Jesus nos diz que pode aliviar a carga que carregamos quando nos chama a tomar o Seu jugo, ζυγος – zugos de enfadonhas leis impostas a alguém; mandamentos de Cristo para contrastá-los com os mandamentos dos Fariseus;
·         Interessante observar que Jesus não nos diz que vai carregar nossa carga sozinho e nos deixar sem peso, Ele nos manda pegar o Dele e passarmos o nosso pra ele, porque?
·        Jesus quer nos ensinar como nos relacionar com o Pai, com Ele e com o Espírito Santo, não em práticas vazias e frias, apesar de aos olhos humanos parecermos fervorosos, mas de um relacionamento íntimo para o cumprimento da missão, com uma espiritualidade sadia, com atitudes que privilegiam as pessoas e suas necessidades espirituais e físicas. Mt 10.42
·        Quando aliviamos a carga, a bíblia nos diz que encontramos descanso pra nossa alma. Pessoas sem alma, igrejas sem alma agora encontram novamente o real motivo de sua existência. Tudo aquilo que a sobrecarga e o cansaço produziam em nossas vidas tomam outra conotação, ALÍVIO!
·        Alívio da dor da solidão; alívio da dor do desprezo, alívio da incredulidade; alívio da dor da culpa; alívio da dor da falta de perdão; alívio da dor da tristeza; alívio da dor da intolerância; alívio da dor da descriminação racial, de gênero e social; alívio da dor da incapacidade; alívio da dor!

·        Vinde a Jesus, Ele te chama hoje! Receba alivio da carga e encontre descanso pra sua alma!

terça-feira, 5 de julho de 2016

O Deus que surpreende



João 7.53 a 8.11
         Estando em Jerusalém, Jesus usava o monte das Oliveiras como lugar para se retirar da movimentada atuação dele com o povo. Pela manhã bem cedo ele estava ensinado no templo, mas  a aula foi interrompida pela chegada dos escribas e fariseus, os quais conduziam uma mulher apanhada em adultério. Enfurecidos por causa do sucesso de Jesus e frustrados por sua incapacidade de se livrarem dEle, esses líderes aproveitaram a oportunidade para embaraçá-lO diante do povo. Embaraçar também a mulher, colocando-a no meio.
            Fazendo Jesus lembrar a exigência de se apedrejar o autor de tal ofensa (Dt. 22:23, 24), estes líderes quiseram saber qual o veredicto dele sobre o assunto. Eles o fizeram, tentando-o por meio de um dilema. Se Ele apoiasse a Lei, a qual aparentemente não estava sendo rigorosamente aplicada em tais casos, daria a impressão de não ter coração, além de decidir a morte de alguém sem o consentimento do governador, que O colocaria numa posição de insurgente e poderia ser morto por isso. Se advogasse a misericórdia, poderia ser proclamado como sendo demasiadamente clemente quanto à aplicação da Lei.
            Com esta atitude Jesus me faz pensar sobre como temos agido diante das circunstâncias de nossa vida e como temos analisado a vida como um todo. A quem Jesus queria confrontar com estas atitudes e palavras? Quem são os oprimidos? Porque Jesus é 0 Deus que nos surpreende?
1.    Jesus sempre está a favor do oprimido.
·         Estamos diante de uma cena tórrida de um ser humano sendo acusado de seus pecados cometidos e descobertos. A situação desta mulher é insustentável, ela foi pega no ato do adultério, não teria defesa, sua sentença era a morte.
·         É claro a posição desta mulher estar sendo oprimida. Seus pecados a oprimem e a delatam perante toda a sociedade ali presente, lembrando que Jesus estava ensinando no templo, num período de festa e conseqüentemente muitas pessoas estavam ali, e esta cena deve ter chamado muito a atenção dos que por ali passavam.
·         Jesus porém toma uma atitude inusitada! Ele se abaixa e começa a escrever na areia. Jesus surpreende a todos! Ele está sendo indagado como um mestre que atitude tomar diante de um grande problema pecaminoso de uma mulher pega em flagrante, sem qualquer possibilidade de defesa. Ele, simplesmente, se agacha e escreve.
·         A sua atitude provocou ainda mais a ira, aumenta-se o ardil da vontade dos fariseus e escribas sobre o real motivo daquele momento, estes homens da lei queriam pegar a Jesus, ou como um homem que desrespeita Moisés  ou como um mestre que desrespeita a lei romana de somente o governador determinar a morte de alguém.
·         Por isso afirmo que Jesus ao agachar-se,  demonstra para todos que ele não está apenas do lado da mulher, oprimida pelo seu ato de adultério, mas ele demonstra claramente que o coração destes homens, fariseus e escribas, estão oprimidos pelo desejo de matarem a Jesus, usando de uma armadilha sobre a lei. Jesus mostra que tanto a mulher como os homens foram traídos pelo seus desejos.


2.    O seres humanos são os oprimidos.
·         Jesus afirma esta nossa descoberta com a celebre e simples frase: " Aquele dentre vós que  não tem pecado que atire a primeira pedra" Posso ainda afirmar que, dentro da construção desta frase, Jesus propõe que, aquele que não tem o mesmo tipo de pecado. Jesus está falando para homens que oprimem as pessoas e cometem as mesmas coisas.
·         Somos todos pecadores, cometemos os mesmos tipos de pecados, temos vivido uma vida parcial, pela metade, somos os oprimidos que Jesus, O Deus que nos surpreende quer livrar. Jesus mostra com esta atitude que quer julgar a causa de todos os oprimidos! A princípio olhamos apenas para a mulher como alguém que está sendo destruída pelo pecado, mas nos enganamos com isso, Jesus olha toda a circunstância, Ele olha todos a sua volta, Jesus está olhando para nós agora.
·         É melhor que nosso pecado nos envergonhe do que nos destrua, e seja apresentado diante de nós para nossa acusação do que para nossa condenação.

3.    Se somos oprimidos pelo pecado, não temos direito a pedra.
·         Observe que é comum que aqueles que se auto justificam com seus próprios pecados sejam severos com os pecados de outras pessoas.
·         Não podemos nos deixar levar pela "qualidade" do pecado dos outros. Somos todos iguais, não é porque o pecado é de ordem sexual, ou moral, ou de escolhas para a vida que vão ser descritos como maiores ou menores, Jesus sabe do nosso coração, e isso faz com que percamos aquilo que pode estar escondendo nosso erro.
·         A pedra é uma metáfora para o que quer ser o que julga. Os que estavam com a pedra queriam julgar uma situação que não eram habilitados para isso, na realidade, eram pecadores do mesmo pecado, adúlteros, mas também escarnecedores.
·         Após Jesus apontar para dentro de cada um, e colocando o pecado de cada revelado, a atitude dos homens não eram as que Jesus gostaria que acontecesse. Por que após a saída de todos os homens que estavam a acusar a mulher, Jesus se dirige a mulher com uma pergunta muito interessante: "Mulher onde estão seus acusadores?" está pergunta me sugere a asseveração importantíssima do texto. JESUS ESTÁ AO MEU FAVOR!

4.    Jesus está ao meu favor.
·         "Mulher onde estão seus acusadores?"  Jesus expressa aqui que ele mesmo não acusava a mulher por sua escolha errada. Jesus além do coração humano conhece a lei judaica, o Mestre identificou que o que os homens falavam não tinham apoio irrestrito da lei. Deut 22.23-25.
·         Quando não estamos com o desejo de acusar, temos uma facilidade maior de liberarmos o perdão. Jesus não pré julgou, ele manteve sua posição de conciliador dos homens para com Deus.
·         "Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais" Expressão de perdão e libertação. Jesus afirma que ele não encontra mais contra esta mulher acusação, mas como? Por afirmar que não condena a mulher, significa não existir mas pecado, ela foi perdoada, livre, liberta, está curada!
·         " vai e não peques mais" não pode ser entendido como alguém que nunca mais vai pecar, isto é impossível. Como Jesus pediu que atirasse o que não tinha o mesmo pecado que está mulher, Jesus está dizendo a está mulher para não cometer o mesmo tipo de pecado outras vezes.
·         O que é necessário que Cristo modifique em sua vida hoje para que você vá, surpreendido pelo amor de Deus em Jesus e não peques mais?

segunda-feira, 4 de julho de 2016

A Morte, o Estado Intermediário e a Glorificação



Autor: Wayne Grudem
Fonte: Teologia Sistemática, Editora Vida Nova.

• Qual é o propósito da morte na vida cristã?
• Que acontece ao corpo e à alma quando morremos?
• Quando receberemos o corpo ressurreto?
• Como ele será?

1.         EXPLICAÇÃO E BASE BÍBLICA
A.        Morte: Por que os cristãos morrem?
Nosso estudo da aplicação da redenção deve incluir uma consideração da morte e da questão de como os cristãos devem ver a própria morte e a morte dos outros. Devemos também perguntar sobre o que nos acontece entre o tempo que morremos e o tempo em que Cristo vai retornar para nos dar corpos ressurretos.

1. A morte não é uma punição para os cristãos.
Paulo diz-nos claramente que “agora, já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Todas as penalidades dos nossos pecados já foram pagas. Assim, muito embora saibamos que os cristãos morrem, não devemos considerara morte dos cristãos uma punição de Deus ou de alguma forma um resultado da penalidade devida a nós por causa dos nossos pecados. É verdade que a penalidade pelo pecado é a morte, mas essa penalidade não mais se aplica a nós — nem em termos de morte física nem em termos de morte espiritual ou separação de Deus. Tudo isso foi pago por Cristo. Portanto, deve haver outra razão que não a punição de nossos pecados para a morte que os cristãos enfrentam.
[Nota de Hélio: o parágrafo acima tem graves erros. Em primeiro lugar, o que a única Bíblia verdadeira (em qualquer idioma, aquela mais fielmente traduzida a partir do Textus Receptus, e que foi usada por todos crentes de todas as igrejas batistas e reformadas de todas as nações, desde Lutero 1922 até recentemente) diz é “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” (ACF) Há, sim, condenação (quanto à comunhão, correção, galardão, o ser usado por Deus, etc.; não quanto à salvação eterna) para o salvo que andar segundo a carne (Compare At 5:1-10; 1Co 3:12,15; 5:9-10; Gl 5:16-18; 1João 3:20-21; 5:16)! Em segundo lugar, há, sim, condenação de morte física (não de perca de salvação) para certas condições de crentes que, aos olhos de Deus, são grosseiramente pecaminosas e teimosamente rebeldes, ver 1Cor 5:5 “Seja entregue a Satanás para destruição da CARNE, para que o espírito seja salvo no dia do SENHOR Jesus.” (ACF) e 1Co 11:30 “Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que DORMEM.” (ACF)]

2. A morte é o resultado final da vida no mundo decaído.
Em sua grande sabedoria, Deus decidiu que não nos aplicaria os benefícios da obra redentora de Cristo de uma só vez. Antes ele escolheu aplicar os benefícios da salvação de modo gradual em nossa existência. Semelhantemente, ele resolveu não remover todo o mal do mundo de imediato, mas esperar até o juízo final e o estabelecimento do novo céu e da nova terra. Em resumo, ainda vivemos em um mundo decaído e nossa experiência de salvação é ainda incompleta.
O último aspecto do mundo decaído a ser removido será a morte. Paulo diz: “24 Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. 25 Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. 26 Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.” (1Co 15:23-26 ACF) Quando Cristo retornar, então se cumprirá a palavra que está escrita: “A morte foi destruída pela vitória”. “Onde está, á morte, a sua vitória? Onde está, á morte, o seu aguilhão?” (lCo 15.54,55). Mas até aquele tempo a morte vai permanecer uma realidade mesmo na vida dos cristãos.
Embora a morte não nos venha como penalidade pelos nossos pecados individuais (porque isso foi pago por Cristo) [Nota de Hélio: quanto à salvação ou perdição eternas, o salvo jamais será julgado por nenhum pecado que, infelizmente, venha a cometer, pois Cristo os levou todos vicariamente sobre Si, ao morrer em nosso lugar, como nosso substituto. Mas, quanto à disciplina, comunhão e usabilidade, o salvo pode ser julgado de vários modos, até ao ponto da morte física  1Co 5:5; 11:30] , ela vem como resultado de vivermos no mundo decaído, onde os efeitos do pecado não foram ainda removidos. Ligados à experiência da morte estão outros resultados da queda que prejudicam nosso corpo físico e assinalam a presença da morte no mundo — tanto os cristãos como os não-cristãos experimentam o envelhecimento, as doenças, os prejuízos, os desastres naturais (como as enchentes, tempestades violentas e terremotos) [Nota de Hélio: e desastres provocados pelo homem, ainda caído (guerras, crimes, acidentes, etc.)]. Embora Deus muitas vezes responda às orações para libertar cristãos (e também não-cristãos) de alguns desses efeitos da queda por certo tempo (indicando assim a natureza do seu Reino que se aproxima), os cristãos acabam experimentando todas essas coisas em alguma medida, e, até que Cristo retorne, todos nós ficaremos velhos e morreremos. O “último inimigo” ainda não foi destruído. E Deus resolveu permitir que experimentássemos a morte antes de ganharmos todos os benefícios da salvação que foi conquistada para nós.

3. Deus usa a experiência da morte para completar nossa santificação.
Durante toda a nossa jornada na vida cristã, sabemos que nunca temos de pagar qualquer penalidade pelo pecado, pois tudo foi pago por Cristo (Rm 8.1) [Nota de Hélio: quanto à salvação ou perdição eternas, o salvo jamais será julgado por nenhum pecado que, infelizmente, venha a cometer, pois Cristo os levou todos vicariamente sobre Si, ao morrer em nosso lugar, como nosso substituto. Mas, quanto à disciplina, comunhão e usabilidade, o salvo pode ser julgado de vários modos, até ao ponto da morte física  1Co 5:5; 11:30]. Portanto, quando realmente experimentamos dor e sofrimento nesta vida, não devemos nunca pensar que é porque Deus nos esteja punindo (para o nosso mal) . As vezes o sofrimento é simplesmente resultado da vida o no mundo pecaminoso e decaído e às vezes é porque Deus nos está disciplinando (para o nosso bem), mas em todo o caso Paulo nos assegura: “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito” (Rm 8.28).
O propósito positivo de Deus nos disciplinar está claramente afirmado em Hebreus 12 , onde lemos: “pois o Senhor disciplina a quem ama [...] Deus nos disciplina para o nosso bem, para que participemos da sua santidade. Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados”(Hb 12.6,10,11). Nem toda disciplina serve para nos corrigir quando cometemos pecados; Deus pode permiti-la para o nosso fortalecimento, a fim de que possamos ganhar mais capacidade de confiar nele e de resistir ao pecado no desafiador caminho da obediência. Vemos isso claramente na vida de Jesus, que, mesmo sendo sem pecado, todavia “ aprendeu a obedecer por meio daquilo que sofreu” (Hb 5.8). Ele foi aperfeiçoado “mediante o sofrimento” (Hb 2.10). Portanto, devemos ver toda fadiga e sofrimento que nos acontece na vida como algo que Deus nos traz para o nosso bem, para o fortalecimento de nossa confiança nele, para nossa obediência a ele e, em última instância, para aumentar nossa capacidade de glorificá-lo.
O entendimento de que a morte não é de modo algum a punição pelo pecado [Nota de, mas simplesmente algo que Deus nos faz passar a fim de tornar-nos mais parecidos com Cristo, deve servir de grande encorajamento para nós. Esse entendimento deve retirar de nós todo o temor da morte que assalta a mente dos crentes (cf.Hb 2.15). Todavia, embora Deus venha anos fazer um bem por meio do processo da morte, devemos ainda lembrar que a morte não é natural, não é uma coisa boa e, no mundo criado por Deus, ela é algo que não deveria existir. Ela é uma inimiga — algo que Cristo finalmente vai destruir (1Co 15.26).

4. Nossa obediência a Deus é mais importante que preservar a vida.
Se Deus usa a experiência da morte para aprofundar a confiança nele e para fortalecer nossa obediência a ele, então é importante que nos lembremos de que o alvo de preservar a vida neste mundo a qualquer custo não é o alvo maior para o cristão: a obediência a Deus e a fidelidade a ele em todas as circunstâncias são coisas muito mais importantes. Essa é a razão pela qual Paulo pôde dizer:
“Estou pronto não apenas para ser amarrado, mas também para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus” (At 21.13; cf. 25.11). Ele disse aos presbíteros de Éfeso: “Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus” (At 20.24). Quando Paulo estava em prisão, não sabendo se morreria ali ou se sairia vivo, ainda pôde dizer: “Aguardo ansiosamente e espero que em nada serei envergonhado. Ao contrário, com toda a determinação de sempre, também agora Cristo serei engrandecido em meu corpo, quer pela vida, quer pela morte” (Fp 1.20).
A persuasão de que podemos honrar ao Senhor mesmo na morte e de que a fidelidade a ele é muito mais importante que preservar nossa vida deu coragem e motivação aos mártires no decorrer de toda a história da igreja. Quando confrontados com a escolha entre preservar a própria vida e pecar ou abrir mão da própria vida e ser fiel, escolhiam abrir mão da própria vida: “diante da morte, não amaram a própria vida” (Ap 12.11). Mesmo em tempos em que há pouca perseguição e pouca coisa semelhante ao martírio, seria bom fixarmos essa verdade em nossa mente de uma vez por todas, pois, se desejarmos abrir mão até mesmo de nossa vida por fidelidade a Deus, veremos que é muito mais fácil abrir mão de qualquer outra coisa por causa de Cristo.

B.        O que devemos pensar sobre nossa morte e a morte dos outros?
1. Nossa própria morte.
O NT nos encoraja a ver a própria morte não com temor, mas com alegria pela perspectiva de partir e estar com Cristo. Paulo diz: “Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor” (2Co 5.8). Quando está na prisão, não sabendo se seria executado ou se seria solto, ele pode dizer: “porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Caso continue vivendo no corpo, terei fruto do meu trabalho. E já não sei o que escolher! Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor” (Fp 1.21-23).
Também lemos as palavras de João no Apocalipse: “Então ouvi uma voz dos céus dizendo: ‘Escreva: Felizes os mortos que morrem no Senhor de agora em diante'. Diz o Espírito: ‘Sim, eles descansarão das suas fadigas, pois as suas obras os seguirão” (Ap 14.13).
Os crentes, portanto, não precisam ter medo de morrer, porque a Escritura nos assegura de que nem mesmo a morte “será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.39; cf. Sl 23.4). De fato, Jesus morreu para libertar “aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte” (Hb 2.15). Esse versículo nos lembra de que, quando falamos de maneira clara sobre nossa ausência de temor da morte, isso proporciona um forte testemunho para pessoas idosas que tentam evitar falar sobre a morte e que não possuem nenhuma resposta para ela.

2. A morte de parentes e amigos cristãos.
 Embora aguardemos o tempo de nossa própria morte com a expectativa alegre de estar na presença de Cristo, nossa atitude será um tanto diferente quando experimentarmos a morte de amigos crentes e parentes. Nesses casos, experimentaremos a tristeza genuína — mas mesclada com alegria porque eles foram estar com o Senhor.
Não é errado expressar a tristeza real pela perda da comunhão com os nossos amados que morrem e também tristeza pelo sofrimento e angústia que eles possam ter experimentado antes de morrer. Às vezes os cristãos pensam que mostram falta de fé se lamentam profundamente por um irmão na fé que morreu. Mas a Escritura não dá apoio a essa idéia, porque, quando Estêvão foi apedrejado, lemos : “Alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram por ele grande lamentação” (At 8.2). Certamente não houve nenhuma falta de fé por parte de ninguém pelo fato de Estêvão estar no céu experimentando grande alegria na presença do Senhor. Todavia, a tristeza daqueles homens piedosos mostrou o genuíno pesar que sentiram com a perda da comunhão de quem amavam, e não foi errado expressá-la — foi correto! Mesmo Jesus, diante da tumba de Lázaro, “chorou” (Jo 11.35), experimentando tristeza pelo fato de Lázaro ter morrido e por suas irmãs e outras pessoas estarem experimentando tristeza, bem como também, sem dúvida, pelo fato de que havia morte no mundo, pois, em última instância, a morte é antinatural e não deveria estar no mundo criado por Deus.
Não obstante, a tristeza que sentimos pela morte de nossos queridos está claramente misturada com esperança e alegria. Paulo não diz aos tessalonicenses que eles não deveriam de forma alguma sentir aflição por causa dos seus amados que haviam morrido, mas ele escreve: “Irmãos, não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não se entristeçam como os outros que não têm esperança” (lTs 4.13). Eles não deviam se entristecer do mesmo modo, com o mesmo desespero amargo, como acontece com os descrentes. Mas certamente eles se entristeceriam. Ele lhes assegura que Cristo “morreu por nós para que, quer estejamos acordados quer dormindo, vivamos unidos a ele” (lTs 5.10) e, desse modo, ele os encoraja dizendo que os que morrem vão estar com o Senhor. Essa é a razão por que a Escritura pode dizer: “Felizes os mortos que morrem no Senhor [...] eles descansarão das suas fadigas, pois as suas obras os seguirão” (Ap 14.13). De fato, a Escritura mesmo nos diz: “O SENHOR vê com pesar a morte de seus fiéis” (S1 116.15).
Portanto, embora tenhamos genuína tristeza quando amigos e parentes cristãos morrem, podemos dizer com a Escritura: “‘Onde está, á morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?' [...] Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo (lCo 15.55,57). Ainda que choremos, nosso choro deve ser misturado com adoração a Deus e ações de graças pela vida dos queridos que morreram.

3. A morte dos descrentes.
Quando os descrentes morrem, a dor que sentimos não está misturada com a alegria da segurança de que eles foram estar com o Senhor para sempre. Essa dor, especialmente em relação àqueles com quem estivemos bastante ligados, é muito profunda e real. Paulo, ao pensar a respeito de alguns de seus irmãos judeus que haviam rejeitado Cristo, disse: “Digo a verdade em Cristo, não minto; minha consciência o confirma no Espírito Santo: tenho grande tristeza e constante angústia em meu coração. Pois eu até desejaria ser amaldiçoado e separado de Cristo por amor de meus irmãos, os de minha raça” (Rm 9.1-3).
Deve ser dito ainda que muitas vezes não temos certeza absoluta de que uma pessoa persistiu ate a morte em sua rejeição a Cristo. O conhecimento da morte iminente que uma pessoa tem vai com freqüência produzir uma sondagem genuína do coração por parte da pessoa que está à morte, e às vezes as palavras da Escritura ou palavras de testemunho cristão que foram ouvidas muito tempo atrás serão lembradas, podendo levar ao arrependimento e fé genuínos. Certamente não temos qualquer certeza de que isso aconteceu a menos que haja uma evidência explícita disso, mas também é salutar perceber que em muitos casos temos um conhecimento provável, mas não absoluto de que aqueles a quem conhecemos como descrentes persistiram em sua incredulidade até a morte. Em alguns casos simplesmente não sabemos.
Não obstante, após a morte de um não-cristão certamente seria errado fornecer qualquer indicação a outros de que pensamos que tal pessoa foi para o céu. Isso seria simplesmente fornecer uma informação errônea e uma segurança falsa e diminuiria a urgência da necessidade dos que ainda estão vivos de confiar em Cristo. É muito melhor, em tais ocasiões, à medida que Deus proporciona oportunidade, gastar tempo para refletir sobre nossa vida e nosso destino e ainda partilhar o evangelho com outras. De fato, as ocasiões em que somos capazes de falar como amigos aos amados de um descrente que morreu são muitas vezes as oportunidades que o Senhor abre para falarmos a respeito do evangelho com os que ainda estão vivos.

C.        O que acontece quando as pessoas morrem?

1. A alma dos crentes vai imediatamente para a presença de Deus.
A morte é a cessação temporária da vida corporal e a separação entre a alma e o corpo. Uma vez que o crente morre, embora o seu corpo físico permaneça na terra sepultado, no momento da morte sua alma (ou espírito) vai imediatamente para a presença de Deus com regozijo. Quando Paulo reflete sobre a morte, ele diz: “Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor” (2Co 5.8). Estar ausente do corpo é estar em casa com o Senhor. Ele também diz que o seu desejo é “partir e estar com Cristo, o que é muito melhor” (Fp 1.23). Jesus disse ao ladrão que estava à sua direita: “Hoje você estará comigo no paraíso” (Lc 23.43). O autor de Hebreus diz que, quando os cristãos comparecem para adorar juntos, eles vêm não somente à presença de Deus no céu, mas também à presença dos “espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.23). Contudo, como veremos em mais detalhes a seguir, Deus não vai deixar o corpo para sempre na sepultura, pois, quando Cristo retornar, a alma dos crentes será reunida ao corpo, o corpo será ressuscitado dentre os mortos e os crentes viverão com Cristo eternamente.

a. A Bíblia não ensina a doutrina do purgatório.
O fato de que a alma dos crentes vai imediatamente para a presença de Deus significa que não há nada semelhante a purgatório.
No ensino da Igreja Católica Romana, o purgatório é o lugar para onde a alma dos crentes vai a fim de ser purificada do pecado, até que esteja pronta para ser admitida no céu. De acordo com esse pensamento os sofrimentos do purgatório são dados por Deus em substituição à punição dos pecados que os crentes deveriam ter recebido nesta vida, mas não receberam.
Mas essa doutrina não é ensinada na Escritura, e é de fato contrária aos versículos citados anteriormente. Antes de tudo, deve ser dito que essa literatura não é igual à Escritura em autoridade e não deve ser tomada como fonte de doutrina cheia de autoridade. Além disso, os textos dos quais essa doutrina é derivada contradizem afirmações claras do NT e, assim, se opõem ao ensino da Escritura. Por exemplo, o texto primário usado nesse sentido, 2Macabeus 12.42-45, contradiz as afirmações claras da Escritura citadas anteriormente a respeito de partir para estar com Cristo. O texto diz o seguinte: [Depois, tendo organizado uma coleta individual, Judas Macabeus, o líder das forças judaicas] enviou a Jerusalém cerca de duas mil dracmas de prata, a fim de que se oferecesse um sacrifício pelo pecado: agiu assim absolutamente bem e nobremente, com o pensamento na ressurreição. De fato, se ele não esperasse que os que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerava que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormecem na piedade, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis por que ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, afim de que fossem absolvidos do seu pecado.
Aqui fica claro que tanto a oração pelos mortos como fazer uma oferta a Deus para libertar os mortos de seus pecados são práticas aprovadas. Mas isso contradiz o ensino explícito do NT de que somente Cristo fez expiação por nós. Essa passagem em 2Macabeus é difícil de enquadrar mesmo com o ensino católico romano, porque ele ensina que orações e sacrifícios deviam ser oferecidos pelos soldados que haviam morrido no pecado mortal da idolatria (que não pode ser perdoado, segundo o ensino de Roma) para possibilitar que eles viessem a ser libertos de seu sofrimento.
Outras passagens às vezes usadas para dar suporte à doutrina do purgatório são Mateus 12.32 e 1 Coríntios 3.15. Em Mateus 12.32, Jesus diz: “Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem nesta era nem na que há de vir”. Ludwig Ott comenta que essa frase “deixa aberta a possibilidade de que pecados são perdoados não somente neste mundo, mas no mundo por vir” . Contudo, isso simplesmente é um erro de raciocínio, pois dizer que alguma coisa não acontecerá na era por vir não implica que possa acontecer na era por vir! O que é necessário para provar a doutrina do purgatório não é uma afirmação negativa como essa, mas uma afirmação positiva que diga que pessoas sofrem com o propósito de ser continuamente aperfeiçoadas até morrerem. Mas a Escritura não diz isso em lugar algum.
Em 1 Coríntios 3.15 Paulo diz que, no diz do julgamento, a obra que uma pessoa fez será julgada e testada pelo fogo, e então conclui: “Se o que alguém construiu se queimar, esse sofrerá prejuízo; contudo, será salvo como alguém que escapa através do fogo”. Mas isso não é o mesmo que falar de uma pessoa sendo queimada ou sofrendo punição, mas simplesmente de sua obra sendo testada pelo fogo — o que é bom será igual ao ouro, prata e pedras preciosas, que vão durar para sempre (v. 12). Além disso, o próprio Ott admite que esse fato ocorre não durante esta era, mas durante o dia do “julgamento geral” , o que indica que dificilmente esse texto pode ser usado como argumento convincente para o purgatório.
Um problema ainda mais sério com essa doutrina é que ela ensina que devemos acrescentar alguma coisa à obra redentora de Cristo e que a sua obra redentora por nós não foi suficiente para pagar a penalidade de todos os nossos pecados. Mas isso é certamente contrário ao ensino da Escritura. Além disso, em sentido pastoral, a doutrina do purgatório rouba dos crentes o grande conforto que lhes deveria pertencer por saber que os que morreram foram imediatamente para a presença do Senhor e por saber que eles também, quando morrerem, partirão e estarão “com Cristo, o que é muito melhor” (Fp 1.23).


b. A Bíblia não ensina a doutrina do “sono da alma”.
O fato de que a alma dos crentes vai imediatamente para a presença de Deus também significa que a doutrina do sono da alma é incorreta. Essa doutrina ensina que, quando morrem, os crentes entram no estado de existência inconsciente, e a próxima coisa de que terão consciência será quando Cristo retornar e os ressuscitar para a vida eterna. Essa doutrina nunca encontrou grande aceitação na igreja.
O suporte para esse pensamento tem sido geralmente encontrado no fato de que a Escritura diversas vezes fala do estado dos mortos como de um sono ou de “adormecer” (Mt 9.24; 27.52; Jo 11.11; At 7.60; 13.36; lCo 15.6,18,20,51; lTs 4.13; 5. l0). Além disso, certas passagens parecem ensinar que os mortos não possuem existência consciente (v. Sl 6.5; 115.17 [mas repare no v. 18!] ; Ec 9.10; Is 38.19) . Porém, quando a Escritura apresenta a morte como sono, trata-se simplesmente de uma expressão metafórica usada para indicar que a morte é somente temporária para os cristãos, exatamente como o sono é temporário. Isso é claramente visto, por exemplo, quando Jesus fala com seus discípulos a respeito da morte de Lázaro. Ele diz: “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou até lá para acordá-lo” (Jo 11.11). Então João explica: “Jesus tinha falado de sua [de Lázaro] morte, mas os seus discípulos pensaram que ele estava falando simplesmente do sono. Então lhes disse claramente: ‘Lázaro morreu”'(Jo 11.13,14). As outras passagens que falam a respeito de pessoas dormindo quando morrem devem ser também interpretadas como simplesmente uma expressão metafórica para ensinar que a morte é temporária.
Com respeito às passagens que indicam que os mortos não louvam a Deus ou que há uma cessação de atividade consciente quando as pessoas morrem, devem ser todas entendidas da perspectiva da vida neste mundo. De nossa perspectiva, parece que, uma vez que as pessoas morrem, elas não se dedicam nunca mais a essas atividades... Mas o salmo 115 apresenta uma perspectiva plenamente bíblica desse ponto de vista. Ele diz: “Os mortos não louvam o SENHOR, tampouco nenhum dos que descem ao silêncio”(v. 17). Todavia, ele prossegue no próximo versículo com um contraste, demonstrando que os que crêem em Deus bendirão o Senhor para sempre: “ Mas nós bendiremos O SENHOR, desde agora e para sempre! Aleluia!” (v. 18).
Em última análise, as passagens citadas demonstrando que a alma dos crentes vai imediatamente para a presença de Deus e desfruta comunhão com ele ali (2Co 5.8; Fp 1.23; Lc 23.43; Hb 12.23) indicam, todas elas, que há para o crente existência consciente e comunhão com Deus imediatamente após a morte. Jesus não disse: “Hoje você não terá mais consciência de qualquer coisa que está por acontecer”, e sim: “Hoje você estará comigo no paraíso” (Lc 23.43). Certamente a concepção de paraíso entendida naquela época não era a de existência inconsciente, mas de grande bênção e alegria na presença de Deus. Paulo não diz: “Desejo partir e ficar inconsciente por um longo período de tempo”, mas antes “desejo partir e estar com Cristo” (Fp 1.23). Ele certamente sabia que Cristo não estava inconsciente, o Salvador adormecido, mas o Salvador que estava vivo e reinando no céu. Estar com Cristo significava desfrutar a bênção da comunhão da sua presença, e essa é a razão por que partir e estar com Cristo era “muito melhor” (Fp 1.23). Assim, ele diz: “Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor” (2Co 5.8).

c. Devemos orar pelos mortos?
Finalmente, o fato de que a alma dos crentes vai imediatamente para a presença de Deus significa que nós não devemos orar pelos mortos. Embora a oração pelos mortos seja ensinada em 2Macabeus 12.42-45 (v. anteriormente), em lugar algum da Escritura isso é ensinado.Além disso, não há indicação alguma de que essa tenha sido a prática dos cristãos no tempo do NT, nem deveria ter sido. Uma vez que os crentes morrem, entram na presença de Deus e ficam no estado de alegria perfeita com ele. Que bom não ter de orar por eles nunca mais! A recompensa celeste final será baseada em atos praticados nesta vida, como a Escritura repetidamente testifica (1 Co 3.12-15; 2Co 5.10; ect.) . Ademais, a alma dos descrentes que morrem vai para o lugar de punição e de eterna separação da presença de Deus. Não seria bom orar por eles também, visto que o destino final deles é estabelecido por seus pecados e por sua rebelião [Em outros dois usos do NT, a palavra paraíso significa ”céu”. Em 2Coríntios 12.4 é o lugar ao qual Paulo foi arrebatado em sua revelação do céu, e em Apocalipse 2.7 é o lugar onde encontramos a árvore da vida.] contra Deus nesta vida. Orar pelos mortos, portanto, é simplesmente orar por algo que Deus nos disse que já foi decidido. Além disso, ensinar que devemos orar pelos mortos ou incentivar outros a fazer isso seria encorajar a falsa esperança de que o destino das pessoas pode ser mudado após a morte delas, algo que a Escritura não nos orienta a fazer em lugar algum.

2. A alma dos descrentes vai imediatamente para a punição eterna.
A Escritura nunca nos encoraja a pensar que as pessoas terão outra oportunidade de confiar em Cristo após a morte. De fato, trata-se exatamente do contrário. A parábola de Jesus a respeito do rico e de Lázaro não dá esperança alguma de que as pessoas possam passar do inferno para o céu após terem morrido. Embora o rico no inferno tivesse gritado: “Pai Abraão, tem misericórdia de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo na água e refresque a minha língua, porque estou sofrendo muito neste fogo”, Abraão lhe respondeu: “entre vocês e nós há um grande abismo, de forma que, os que desejam passar do nosso lado para o seu, ou do seu lado para o nosso, não conseguem”(Lc 16.24-26).
O livro de Hebreus associa a morte com a conseqüência do julgamento em uma seqüência imediata: “Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo” (Hb 9.27). Além disso, a Escritura nunca apresenta o juízo final como dependente de qualquer coisa feita após a nossa morte, mas dependendo somente do que aconteceu nesta vida (Mt 25.31-46; Rm 2.5-10; cf. 2Co 5. 10) . Alguns argumentam a favor de outra oportunidade para se crer no evangelho com base na pregação de Cristo aos espíritos em prisão em 1 Pedro 3.18-20 e na pregação do evangelho “a mortos” em 1 Pedro 4.6 , mas essas são interpretações inadequadas dos versículos em questão e, numa análise mais precisa, não dão apoio a tal pensamento.
Devemos também perceber que a idéia de que haverá outra oportunidade de aceitar Cristo após a morte é baseada na suposição de que cada pessoa merece uma oportunidade para aceitar Cristo e que a punição eterna vem aos que conscientemente decidem rejeitá-lo. Mas certamente essa idéia não tem o apoio da Escritura; todos nós somos pecadores por natureza e escolha, e realmente ninguém merece nenhuma graça de Deus nem nenhuma oportunidade de ouvir o evangelho de Cristo — que vêm ao homem somente por causa do favor imerecido de Deus. A condenação vem não somente por causa da rejeição deliberada de Cristo, mas também por causa dos pecados que todos cometemos e da rebelião contra Deus que esses pecados representam (v. Jo 3.18)
Embora os descrentes passem para o estado de punição eterna imediatamente após a morte, o corpo deles não será ressuscitado até o dia do juízo. Naquele dia, o corpo de cada um será ressuscitado e reunido à alma, e comparecerão perante o trono de Deus para o juízo final que vai ser pronunciado sobre eles, incluindo o corpo (v. Mt 25.31-46; Jo 5.28,29; At 24.15; Ap 20.12,1 5) . Isso nos conduz à consideração da ressurreição do corpo do crente, que é o passo final de sua redenção.
D. Glorificação
            Como foi mencionado anteriormente, Deus não deixará nosso corpo morto na sepultura para sempre. Quando Cristo nos redimiu, ele não redimiu apenas nosso espírito (ou alma) — ele nos redimiu como pessoas completas, e isso inclui a redenção de nosso corpo. Portanto, a aplicação da obra redentora de Cristo a nós não será completa até que nosso corpo seja inteiramente liberto dos efeitos da queda e trazido ao estado de perfeição para o qual Deus o criou. De fato, a redenção de nosso corpo ocorrerá somente quando Cristo retornar e ressuscitá-lo dentre os mortos. Mas, no tempo presente, Paulo diz que esperamos pela “redenção do nosso corpo” e então acrescenta: “Pois nessa esperança fomos salvos” (Rm 8.23,24). O estágio da aplicação da redenção em que receberemos por fim o corpo ressuscitado é chamado de glorificação. Referindo-se àquele dia futuro, Paulo diz que participaremos da glória de Cristo (cf. Rm 8.17) . Além disso, quando Paulo traça os passos na aplicação da redenção, o último que menciona é a glorificação: “E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou” (Rm 8.30).
Podemos definir glorificação da seguinte maneira: A glorificação é o passo final na aplicação da redenção. Ela acontecerá quando Cristo retornar e ressuscitar dentre os mortos os corpos de todos os crentes de todas as épocas que morreram e reuni-los às respectivas almas, e mudar os corpos de todos os crentes que permanecerem vivos, dando assim a todos os crentes ao mesmo tempo um corpo ressuscitado perfeito igual ao seu.

1. Razão bíblica apresentada para a glorificação.
A passagem mais importante do NT para a glorificação ou ressurreição do corpo é lCoríntios 15.12-58. Paulo diz : [...] em Cristo todos serão vivificados . Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem (v. 22,23). Paulo discute a natureza da ressurreição do corpo em alguns detalhes nos versículos 35-50 , e a seguir conclui a passagem dizendo que nem todos os cristãos morrerão, mas alguns que permanecerem vivos quando Cristo retornar simplesmente terão seu corpo instantaneamente transformado em um novo corpo ressurreto, que nunca irá envelhecer, enfraquecer ou morrer: “Eis que eu lhes digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados” (lCo 15.51,52).
Posteriormente Paulo explica em lTessalonicenses que a alma dos que morreram e foram estar com Cristo voltará e se unirá ao corpo naquele dia, pois Cristo a trará consigo :”Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e com ele, aqueles que nele dormiram” (lTs 4.14). Mas aqui Paulo não somente afirma que Deus trará mediante Jesus os que morreram; ele também afirma que “ os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro” (lTs 4.16). Assim, esses crentes que morreram com Cristo também ressuscitarão para se encontrar com ele (Paulo diz no v. 17 que “nós, os que estivermos vivos seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares”). Isso somente faz sentido se diz respeito à alma dos crentes que partiram para a presença de Cristo e que retornam com ele, e se é o corpo deles que é ressuscitado dentre os mortos para ser reunido à sua alma e, então, ascender para estar com ele.

2. Com que se assemelhará o corpo ressurreto?
Se Cristo vai ressuscitar o nosso corpo dentre os mortos quando retornar e se nosso corpo será igual ao seu corpo ressurreto (1 Co 15.20,23,49; Fp 3.21), então a que se assemelhará nosso corpo?
Usando o exemplo de lançar a semente no solo e então aguardá-la crescer e se tornar algo muito mais maravilhoso, Paulo passa a explicar em detalhes com o que nosso corpo será parecido: “Assim será a ressurreição dos mortos. O corpo que é semeado é perecível e ressuscita imperecível; é semeado em desonra e ressuscita em glória; é semeado em fraqueza e ressuscita em poder; é semeado um corpo natural e ressuscita um corpo espiritual. [...] Assim como tivemos a imagem do homem terreno, teremos também a imagem do homem celestial” (lCo 15.42-44,49).
Paulo primeiro afirma que nosso corpo ressuscitado será “imperecível”. Isso significa que ele não se desgastará nem envelhecerá, nem mesmo estará sujeito a qualquer espécie de doença ou enfermidade. Ele será completamente sadio e forte para sempre.Além disso, já que o processo gradual de envelhecimento é parte do processo pelo qual nosso corpo está agora sujeito à pericibilidade, é apropriado pensar que nosso corpo ressuscitado não apresentará qualquer sinal de envelhecimento, antes terá as características da juventude mas ao mesmo tempo de masculinidade ou feminilidade madura para sempre. Não haverá qualquer evidência de doença ou dano, pois todos se tornarão perfeitos. Nosso corpo ressuscitado evidenciará o cumprimento da sabedoria perfeita de Deus em nos criar como seres humanos que são a coroa da sua criação e os portadores apropriados de sua imagem e semelhança. No corpo ressuscitado claramente veremos a humanidade como Deus pretendeu que fosse.
Paulo também diz que nosso corpo será ressuscitado “em glória”. Quando esse termo é contrastado com “desonra”, como é aqui, há uma insinuação da beleza ou da atração que nosso corpo exercerá. Ele não mais será ”desonrável” ou desprovido de atração, mas parecerá “glorioso” em sua beleza. Ele pode até possuir um fulgor radiante em si mesmo (v. Dn 12.3; Mt 13.43).
Nosso corpo também será ressuscitado “em poder” (lCo 15.43). Isso contrasta com a “fraqueza” que vemos em nosso corpo agora. Nosso corpo ressurreto não será somente livre das doenças e do envelhecimento, também receberá plenitude de força e poder — não um poder infinito como o de Deus, naturalmente, e provavelmente nada que se assemelhe a um poder “super-humano” no sentido dos super-heróis da moderna literatura de ficção para crianças, por exemplo; mas ele terá mesmo assim a força e o poder humanos de maneira completa e plena, a força que Deus pretendeu que os seres humanos tivessem em seu corpo quando originariamente os criou. Portanto, ele terá força suficiente para fazer tudo o que desejarmos e que estiver de conformidade com a vontade de Deus.
Por último, Paulo diz que o corpo ressuscitado é um “corpo espiritual” (lCo 15.44). Nas cartas paulinas, a palavra “espiritual” (gr., pneumatikos) nunca significa “não-físico”, e sim “consistente com o caráter e a atividade do Espírito Santo” (v.,p.ex.,Rm 1.11; 7.14; lCo 2.13,15; 3.1; 14.37; Gl 6.1 [“vocês, que são espirituais”]; Ef 5.19). Por isso, a expressão “corpo material” (encontrada em algumas traduções) é inadequada, pois em contraste com “corpo espiritual”. 0 fato de o sinal dos cravos permanece nas mãos de Jesus é um caso especial para nos fazer lembrar do preço que foi pago por nossa redenção, não deve ser entendido que quaisquer marcas ou lesões permanecerão em nós, daria a entender que “corpo espiritual” é um corpo não-físico, imaterial. Em vez de “corpo material”, a tradução melhor seria “corpo natural”. A seguinte paráfrase é esclarecedora: “É semeado um corpo natural [isto é, sujeito às características e aos desejos desta era, dominado por sua vontade pecaminosa] e ressuscita um corpo espiritual [isto é, integralmente sujeito à vontade do Espírito Santo e suscetível à orientação dele] ”. Não se trata de um corpo “não-físico”, mas de um corpo físico ressuscitado e elevado ao grau de perfeição que originariamente Deus pretendeu que tivéssemos. Os exemplos repetidos em que Jesus demonstrou aos discípulos que ele tinha um corpo físico que era capaz de ser tocado, que possuía carne e OSSOS (Lc 24.39) e que poderia comer mostram que o corpo de Jesus, que é modelo para o nosso, era claramente um corpo físico que havia se tornado perfeito.
Para concluir, quando Cristo retornar, ele nos dará novos corpos para que sejam iguais ao seu corpo ressurreto: “... sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é” (lJo 3.2; essa afirmação é verdadeira não somente no sentido ético, mas também em termos de nosso corpo físico; cf. 1 Co 15.49; tb. Rm 8.29). Tal segurança proporciona a afirmação clara de que a criação física de Deus é boa. Viveremos nos corpos que terão todas as qualidades excelentes que Deus criou para que as tivéssemos e, assim, para sempre seremos prova viva da sabedoria de Deus em fazer tudo na criação material, desde o princípio, “muito bom” (Gn 1.31). Viveremos como crentes ressuscitados no novo corpo,e ele será adequado para a nossa habitação nos “novos céus e nova terra, onde habita a justiça” (2Pe 3.13).